segunda-feira, 12 de março de 2012

Gianecchini, Drica Moares e Palê

Para quem não viu ontem no Fantástico, vale a pena dá uma conferida nessa reportagem com Gianecchini e Drica Moraes que voltaram aos palcos depois da luta contra o câncer. E de Palê, um jovem fotógrafo que registra o dia a dia da batalha pra vencer a leucemia. Ele enfrentou a doença sem perder o bom humor.


Esta semana, os atores Reynaldo Gianecchini e Drica Moraes comemoram a volta aos palcos depois da luta contra o câncer. E um jovem fotógrafo registra o dia a dia da batalha pra vencer a leucemia. Ele enfrentou a doença sem perder o bom humor. 

Palê vivia atrás das câmeras. Era um fotógrafo jovem, bonito e impetuoso, com a sensação de dominar o perigo até que o mal-estar em uma viagem de trabalho revirou tudo. “A médica passou e falou: ‘Olha, é leucemia’. Falei assim: ‘Mas eu estou aqui na Bahia, sozinho, sem ninguém. Não é agora que eu vou amolecer’”, lembra o fotógrafo.

Reynaldo Gianecchini e Drica Moraes viviam diante das câmeras, na frente do público. Tiveram que parar tudo e se recolheram para lutar contra o câncer. Ele tinha um linfoma, ela, também leucemia.

“A primeira coisa acho que é a gente negar para a gente: ‘eu acho que teve um erro médico ou de exame’. Então, quando chegou o diagnóstico preciso, eu falei: ‘Ok, eu tenho câncer’. Então, acho que o primeiro lance é você encarar de frente e aceitar”, afirma o ator Reynaldo Gianecchini.

“Eu vejo as mudanças com muita alegria. Eu acho que as mudanças, perder, é muito bom. Perder alguma coisa que você foi e que você não é mais não é necessariamente ruim”, avalia a atriz Drica Moraes.

Normalmente, quando alguém entra em um hospital para se tratar de uma doença grave que vai mudar a aparência e causar sofrimento, a última coisa que se quer por perto é uma máquina fotográfica ou uma filmadora. Mas o Palê é um apaixonado pelas imagens e, claro, trouxe o equipamento dele.

Palê mudou fisicamente várias vezes em mais de um ano de tratamento, mas nunca perdeu o excelente humor. Pelo contrário: ficou famoso no hospital e fora dele exatamente por isso. “Em pleno carnaval, sexta-feira de carnaval, estou eu aqui na UTI pulando”, comentou Palê em uma gravação.

Desde que começou a batalha contra a leucemia, Palê registra tudo em vídeo. “O 1º de janeiro assim: foi o dia que eu postei o vídeo na internet. Falei assim: ‘Vou tentar ajudar outros pacientes, outras pessoas que às vezes precisam desse empurrãozinho de energia’”, contou o fotógrafo.

Gianecchini também conheceu esse mesmo tipo de sentimento. “Em vários momentos eu estava muito fisicamente debilitado. Aí olhava para o lado, tinha um caso muito pior que o meu, de pessoas assim com um sorriso, passando por uma situação superdifícil, mas com um sorriso na cara. É uma solidariedade que vem naturalmente e que você naturalmente faz você sair daquele buraco”, explica o ator Reynaldo Gianecchini.

A iniciativa de Palê virou uma espécie de recomendação médica. “Eu sempre falo: ‘Vejam o vídeo do Palê’. E ele já tinha antes outros vídeos na internet e é extremamente interessante para outros pacientes”, afirma o médico Fábio Kerbauy, hematologista do Palê.

Palê está sempre lutando contra qualquer abatimento. Só deita quando está muito mal. No resto do tempo ele trabalha, agita, apronta com o pai e a mãe e mostra um jeito especial de lidar com a doença, o tempo e a vida. “Estou com 29 anos. Aquela fase que você quer abraçar o mundo, quer fazer tudo e mais um pouco, essas inquietudes de tempo eu tive que acabar cortando elas”, revela Palê.

Drica Moraes passou meses também sem poder fazer planos. “O medo da morte é uma coisa fatal. Vai aparecer, quer você queira, quer você não queira. Mas a vida inclui a percepção da morte. A vida pode enfrentar a morte. Então, você passa por isso”, pondera a atriz.

Drica derrotou a leucemia depois de quimioterapia e transplante de medula. Gianecchini fez quimio e autotransplante usando células-tronco dele mesmo. Oito meses depois do diagnóstico, recomeçar no palco do teatro. Medo ou vontade?

“Vontade total. Medo nenhum, na verdade. Está parecendo que estou organizando uma festa. Minha sensação é essa: que eu estou aqui celebrando algo a mais do que o trabalho”, afirma Gianecchini.

Giane e Drica estão voltando para o teatro essa semana. Palê também chegou a comemorar o fim da doença depois de um transplante. Mas não foi bem assim que a história terminou. Cinco meses depois de deixar o hospital, Palê descobriu que a leucemia tinha voltado.

“A pior semana da minha vida. Precisaram me dopar uma semana. Eu não me lembro dessa semana”, conta o fotógrafo.

Mas o bom humor está de volta, e dele ninguém escapa. A esperança também. “Os médicos zeram a doença com quimioterapia, e eu vou fazer um novo transplante. Consegui um novo doador, 100% compatível. A vida me agraciou de novo”, comemora Palê.

Palê, Giane e Drica: três pessoas que descobriram que a vida é bem maior que um capítulo ruim.

“A maioria das pessoas às vezes só olha a ponta do iceberg, que é a doença – ‘Oh, que triste’. Mas tem tanta coisa por trás. Tinha toda uma parte outra que te fez tão bem também e te fez crescer tanto”, avalia Gianecchini.

“Meu melhor amigo é uma pessoa que eu não conheço, que é o meu doador. Então essa peça fala desse tipo de coisa, desse tipo de sutileza, de troca, de amor onde você se transforma através do outro”, comenta a atriz Drica Moraes.

“Eu nunca tive e não tenho dúvida da minha cura. É questão de tempo, paciência e saber o que a vida está querendo me dizer”, finaliza Palê.



Vídeo na íntegra: 

http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1679017-15605,00-GIANECCHINI+E+DRICA+MORAES+VOLTAM+AOS+PALCOS+DEPOIS+DA+LUTA+CONTRA+O+CANCER.html

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